O discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar. Michel Foucault

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Racionalismo x Empirismo

O racionalismo desconfia das informações fornecidas pelos sentidos, crendo que essas são por demais falíveis, que é muito fácil se enganar “ouvindo errado” ou “vendo o que não estava lá”. O caminho correto para o conhecimento seria o bom uso da razão. Um sistema racional elaborado a partir de premissas válidas traria o conhecimento real, a verdade.
Essa corrente é de matriz européia continental, com muita força na França e Alemanha, seus primórdios são marcados pela frase de Renée DEscartes “penso, logo existo”. Descartes começou a questionar todas as verdades fundamentadas na tradição, no “é porque sempre foi assim”, desmontando superstições, misticismo, conceitos sem base sólida etc. Chegou a ponto de duvidar de tudo e então estabeleceu suas premissas. A primeira é de que se duvidava de certezas milenares, não duvidava que ele estava ali duvidando. “Penso, logo existo” “Cogito ergo sum”. Esta virada fundamental dá ao sujeito, o indivíduo, o direito de questionar as tradições mantidas pela coletividade.
Entre outras premissas de Descartes estavam a existência de Deus e o primado da razão. Ele constrói então um sistema racional que inclui o método científico e nega a existência de bruxas e monstros, enfraquecendo as “caças às bruxas” na Europa. As leis passam então a ter necessidade de uma base lógica.
Sabendo do sistema racional que tudo engloba, você pode investigar os casos individuais na natureza e na sociedade. Vai-se do todo para as partes, o método dedutivo.
O empirismo, de matriz inglesa com John Locke, vai pelo caminho inverso. Considera que o ser humano nasce uma “tábula rasa” sem nada saber, todo o conhecimento vem pelos sentidos e só depois é trabalhado pela razão. Assim, deve-se ter rigor e cuidado nas observações, mas algo só é verdadeiro se for comprovado na experimentação. É “ver para crer”. Sem essa validação da experiência perde-se o contato com o real, pois a teoria racional pode-se perder em elocubrações sem sentido ou desviar-se da realidade.
Assim, de observação em observação chega-se ao funcionamento do sistema, vai-se das partes para o todo pelo método indutivo.
O empirismo foi fundamental para a ciência, para o conhecimento técnico e para a democracia. Através dele se questionará o direito divino dos reis, levando à Revolução Gloriosa na Inglaterra e à independência e democracia americanas. Um forte de que as coisas tem de funcionar na prática impulsionará o desenvolvimento da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Ambos são válidos e devem tomar cuidado. O racionalismo pode se perder em discussões sobre “o sexo dos anjos” ou “a natureza do tempo” ou ainda “não estrague minha bela teoria com seus ridículos fatos” e deduzir algo totalmente errado.
O empirismo pode cometer erros primários senão escolher bem suas amostras ao somar informações para chegar ao todo. Por exemplo:
correto: urubu é pássaro, corvo é pássaro. Urubus e corvos tem penas, logo pássaros tem penas.
errado: urubu é pássaro, corvo é pássaro. Urubus e corvos são pretos, logo pássaros são pretos.

3 comentários:

  1. O racionalismo é um sistema pelo qual traria uma realidade de um conhecimento considerado a verdade. Por meio racional chegaria uma uma verdade, desconsiderando o miticismo, superstições.A critica e a dúvida tinham importância crucial para chegar-se essa verdade com uma base sólida. Descartes desconsidera todos mitos, como os de monstros e bruxas,por exemplo. Então, defende-se a ideia que quando você questiona o mundo e si próprio pode-se chegar ao um conhecimento verdadeiro.

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  2. O racionalismo não confia nos sentidos, é aquela questão de que só por meio da razão se chegaria a um conhecimento seguro, sendo assim " a verdade". Já o empirismo acredita que o conhecimento vem pelos sentidos e só despois pela razão. Mas em ambas pode-se confundir questões simples ou complexas......( Acredito que a razão e os sentidos andam juntos, mas claro primeiro a razão, tanto um como outro tem seu modo de atuar diferente, como foi o que havia no texto sobre Descartes, a razão trabalhava na questão de resoluções de problemas matematicos e etc., ou seja era usado o raciocinio, já os sentidos trabalhava na questão de quente ou frio, seco ou molhado, e etc. Então independentemente do modo de atuar, talvez em ambas questões eles nessecitem um do outro, por exemplo: se vc pega um lápis vermelho, vc vai saber que é um lapis por causa do tato e da visão, mas talvez a visão seja um dispositivo da razão, então o lápis só vai ser vermelho se sua razão confirmar. Então de qualquer forma os sentidos precisaria da razão.)....Acho que é assim.

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  3. Já o empirismo defende que o ser humano não tem como obter o conhecimento verdadeiro no princípio pela razão, que só depois de seus sentindo, ou seja, tato, paladar, olfato, audição,visão estiverem "trabalhados" que é sim ele conseguirá através da razão chegar a uma verdade. Só depois do contato, de experimentar, vendo para crer que ele chegaria a uma realidade.

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