O racionalismo desconfia das informações fornecidas pelos sentidos, crendo que essas são por demais falíveis, que é muito fácil se enganar “ouvindo errado” ou “vendo o que não estava lá”. O caminho correto para o conhecimento seria o bom uso da razão. Um sistema racional elaborado a partir de premissas válidas traria o conhecimento real, a verdade.
Essa corrente é de matriz européia continental, com muita força na França e Alemanha, seus primórdios são marcados pela frase de Renée DEscartes “penso, logo existo”. Descartes começou a questionar todas as verdades fundamentadas na tradição, no “é porque sempre foi assim”, desmontando superstições, misticismo, conceitos sem base sólida etc. Chegou a ponto de duvidar de tudo e então estabeleceu suas premissas. A primeira é de que se duvidava de certezas milenares, não duvidava que ele estava ali duvidando. “Penso, logo existo” “Cogito ergo sum”. Esta virada fundamental dá ao sujeito, o indivíduo, o direito de questionar as tradições mantidas pela coletividade.
Entre outras premissas de Descartes estavam a existência de Deus e o primado da razão. Ele constrói então um sistema racional que inclui o método científico e nega a existência de bruxas e monstros, enfraquecendo as “caças às bruxas” na Europa. As leis passam então a ter necessidade de uma base lógica.
Sabendo do sistema racional que tudo engloba, você pode investigar os casos individuais na natureza e na sociedade. Vai-se do todo para as partes, o método dedutivo.
O empirismo, de matriz inglesa com John Locke, vai pelo caminho inverso. Considera que o ser humano nasce uma “tábula rasa” sem nada saber, todo o conhecimento vem pelos sentidos e só depois é trabalhado pela razão. Assim, deve-se ter rigor e cuidado nas observações, mas algo só é verdadeiro se for comprovado na experimentação. É “ver para crer”. Sem essa validação da experiência perde-se o contato com o real, pois a teoria racional pode-se perder em elocubrações sem sentido ou desviar-se da realidade.
Assim, de observação em observação chega-se ao funcionamento do sistema, vai-se das partes para o todo pelo método indutivo.
O empirismo foi fundamental para a ciência, para o conhecimento técnico e para a democracia. Através dele se questionará o direito divino dos reis, levando à Revolução Gloriosa na Inglaterra e à independência e democracia americanas. Um forte de que as coisas tem de funcionar na prática impulsionará o desenvolvimento da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Ambos são válidos e devem tomar cuidado. O racionalismo pode se perder em discussões sobre “o sexo dos anjos” ou “a natureza do tempo” ou ainda “não estrague minha bela teoria com seus ridículos fatos” e deduzir algo totalmente errado.
O empirismo pode cometer erros primários senão escolher bem suas amostras ao somar informações para chegar ao todo. Por exemplo:
correto: urubu é pássaro, corvo é pássaro. Urubus e corvos tem penas, logo pássaros tem penas.
errado: urubu é pássaro, corvo é pássaro. Urubus e corvos são pretos, logo pássaros são pretos.